domingo, 12 de maio de 2013



Ser mãe, ser...

Ser mãe
Não são apenas nove meses de riscos e longa espera                                                                                          
Incontáveis dias
Sonho e incertezas que se ponderam
Para ver, sentir um filho
Rasgar, arder as suas entranhas e sair,
Vivo;
Ser mãe não é somente ansiedade e angústia de inigualável dor;
É motivo a mais, pra lhe fazer querer viver mais,
É um desafio de desejo e medo
Que se traduz como espinho e flor

Ser mãe, não é também simplesmente
Dar a mama de graça
Que nutre a cria
Na natural incumbência de perpetuar a raça
A vida
Em febres e noites longas, frias e mau dormidas
Muitas vezes só
Tudo isso, uma loba sabe fazer muito bem
Mas que algumas “mães”
Bem melhor

Ser mãe não é romanticamente falar:
“Sou mãe!”
Como num verso da mais tola poesia
Porque ser mãe vai mais além...
É entender, aceitar e viver o dom que advém
Do divino, dia-a-dia;
Quem melhor traduz o que é amar
Porque o amor é divino
E ser mãe é o amor sintetizar

Ser mãe não é afagar a cabeça abraçando o erro
E dizer: “siga em frente, está tudo bem!”
Quando não está.
Não é esconder e se esconder em uma mentira,
E em nome de um pseudo amor desfaçar;
Ser mãe é impor limites também
Mesmo a se doer, chorar;
É exercer em sua simplicidade e fragilidade tantas vezes solitária
A autoridade impar, outorgada por Deus, de ser mãe;
É saber dizer não, saber barrar, não ser trans;
Por isso o ser mãe é o ser frágil a ser forte
É assumir coragem mesmo sem ter porte;
Porque mãe não é a que mais tem pra dar
É a que mais sabe dar, muitas vezes sem ter;
Não é apenas fazer das vísceras coração
Chega a ser fazer o coração de vísceras;

Ser mãe é saber dar um NÃO e sustentar;
Buscar a ciência da paz,
Exercitar paciência,
Exemplar sem castigar,
Amar sem deixar-se chantagear
É se colocar na dor de outras mães
E quando cuidar de outros filhos que não seus
Ama-los nem melhor nem pior que aqueles que de seu ventre sucedeu
Aliás, nem querer saber de onde vem
Sem achar essa causa estranha
Com gozo e vontade não tacanha, dizer:
“Esse é meu também!”

Ser mãe é o sujeito da oração
Que melhor conjuga a todo tempo
E sempre no presente o verbo amar
É dar-se sem questionar
É rasgar a carne e despir a alma
Dar luz a vida sem pensar no que se ganha
É colocar nas mãos de Deus e se esforçar numa fé tamanha.

Ser mãe é...
Sei lá...
Talvez seja querer sempre aprender a ser, e ser mãe
Sem se cansar
Ser mãe, nem quem sabe ser sabe explicar
É riscar os próprios sonhos pra sonhar o sonho alheio
-Lindo menino, mesmo sendo feio-
Na simples espera de um dia poder ouvir com os olhos em brilho
Da boca de um sincero e agradecido filho
Como um parabéns que lhe diz:
“Mãe vá dormir tranquila, está tarde,
Graças a Deus e a você
Onde estou, estou bem, em paz e feliz”.

Sales de Oliveira
12/05/2013





3 comentários:

  1. VALEU, POETA! Que bela tradução do ser mãe! Como diria Chico Cesar, "já fui mulher, eu sei!"

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  2. Espero ler mais desses aqui, para compartilhar com muito mais leitores!

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  3. mui grato pela apreciação e belo comentário,pois para se falar d mulher precisa-se ter coragem d se colocar em seu lugar, para o SER mãe tudo se redobra.não nos sintamos no dever entender-las nos cabe apenas o prazer de admira-las e simplesmente ama-las

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