quarta-feira, 12 de junho de 2013



A MINHA AMADA





A minha amada
Não é aquela que se veste
Como rainha ou fada
- Mulher de grandes feitos –
Não se resume a sensuais deleites,
Delineadas curvas, ancas e fartos peitos,]
Mas é aquela que se despe de si
Bem sutil, bem calada,
Para reinar e revestir o meu ser.









Não faz apologia à ciência,
Desmente livros e alheias vivências,
Porque do alto busca saber
E mesma minha temência.
É aquela que é,
Sem perceber o que é
E mesmo quando sabe,
Continua sendo o que precisa ser
Sem envaidecimento algum.

A minha amada é aquela 
Que com seu jeito frágil, incomum,
Diz-me forte: “sê forte!
Ah! Este fardo não é só para um
É para mim e você
Eu te ajudo, me dê!”




A minha amada é aquela
Que acalenta minh’alma,
Encanta-me e me decanta os traumas.
Não é aquela que me entende,
É aquela que me surpreende
Quando tenta me entender 

Minha amada é aquela
Que além de dividir os meus fardos,
Quando estou atarantado,
Apenas com os ouvidos,
Silencia os meus brados
E com seus olhos silentes
Declama seus versos entorpecidos
Que não consigo escrever.



De manhã, cheia de manhas,
Faz-me crê
Que depois de qualquer coisa e
 [de tanto
Há sempre uma renovação
Como um encanto
Em um novo amanhecer.

Minha amada não é de uma alma uniforme formada
Da mesma placenta que a minha,
Quando a minha é encarnada
A dela parece incolor,
Parece não saber nada
De vida, de morte e de amor,
Mas se dispões a caminhar mesma [caminhada
Aprendendo tornar tudo mesma cor.


A minha amada é aquela
Que de transbordado
Eu careço me dar sempre,
Tanto e tanto e sem manto,
“Eu sou da minha amada”
Que se diz e se faz minha
Que não é rainha e nem fada.

Minha amada é um sonho
Que continuo a crê,
Por isso, não peço outra nesta empreitada.
E por tanto, em cantos e em versos,
Eu preciso dizer:
Minha amada,
Meu amor é você!


Sales de Oliveira





terça-feira, 11 de junho de 2013




Amar, amar...


...E quando amar
Sem reserva sem se entregar
A esse amor de todo
E tudo a todo tempo por inteiro
Plantar, regar, colher...
E os frutos desse amor cuidar
Como se cada um deles fosse o único
E que não seja o derradeiro

Sonhar, sorrir, doer...
Como se nada fosse tão igual, de bom
E esse amor, enquanto amor se derramar
Ser pra valer
Ser ton sur ton

Acreditar, fazer
Que as promessas não só possam se dizer
Que ele seja o último
Que nada sobre ele esteja
Mas em tudo seja ele o primeiro  

Crer, ir, ficar...
Ficar eternamente
 Se prender unicamente pelo prazer de se dar

Ir
Sempre sem pressa de chegar
Num bonde em que só ele é o passageiro
Chegar
A crer na busca eterna de um lugar
Que até então inexiste
Sem medo de avassalar ligeiro
Ou ficar triste

Amar, amar, amar
Como quem ignora a ilimitação do mar
Precisa só de vela, vento...
A bussola é seu próprio cheiro
Coração e um par de remos pra remar
Ansiando navegá-lo por inteiro
Pra não perder tempo, tempo não contar
Quebrar ampulhetas e ponteiros

Então pois quando,com o tempo se lembrar
-E sempre se lembrar
Diga-se de tudo do que foi e do que há
Que nada é absolutamente tal e qual
De tão maravilhosamente verdadeiro


Sales de oliveira
05-12-2006