PAIS
Ser pai é ser bem mais do que progenitor
Em um fugaz gozo que lhe convém
É ir além de provedor
Porque pai não é só o fazer
Ao ser que para responsabilidade lhe advém
De um verdadeiro pai
Não se faz de seu gene
Mais um abandonado ser que se resulta
Em mais um bastardo filho
De uma mãe (mãe e pai)
Estigmatizada ao desprazer que lhe desfruta
Pois pai é engravidar-se, do sentimento e da labuta
E da genitora querer sentir, dividir, amenizar,
Uma dor que verdadeiramente só ela tem
Porque pai é responsabilizar-se
Endividar-se de se mesmo
É dividir sono, sonhos, lágrimas, riscos, força, luta
Sem reter para si, só os louros, os risos, o direito o amor
e o bem
Pois pai é engravidar-se, do sentimento e da labuta
Por isso ser pai
É entender, atender e ser mãe também
Por quanto tantos pais são sós
Pois que tantas mães tão sós, são pais tão bem
É a força de ser firme sem ser rude
É amiúde promover satisfação
com sabedoria
É a habilidade de revelar e
esconder
Segredos, medos...
Que muitas vezes são confundidos
com covardia
Pai é ter peito a doar
Para se doar, doar pró
É tantas vezes se sentir tão só
Pai é renunciar
Apenas a si mesmo
É fazer por dar e merecer
respeito
Não é simplesmente esmolar alguém
Por maior o que seja o custo que
aparenta ser perfeito
Pai...
Quem disse que pai pode ser de
qualquer jeito
Por isso ser pai
Por isso pai não é cargo, ofício,
status, patente,
É dever e é direito que deve ser
permanente
É devoção, vocação eterna
Até mesmo para que nega que às tem
É dádiva, incumbência do perfeito
para o imperfeito
De melhorar e perpetuar a espécime
responsavelmente
Pai é o verbo, os pronomes e
sujeito
Pai não é só diversão, brinquedo,
pão, teto
É juiz, psicólogo, educador, garí, médico...
Pai é o sim pelo sim e o não pelo
não
Errado é errado e o certo é o
certo
Todavia é abraço, esmero, é afago,
é afeto
Pai não é só diversão, brinquedo,
pão, teto
É juiz, psicólogo, educador, garí, médico...